Conexão, dois latão é cinco.
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Nossa ti achei muito gostosa. O que tu acha de fazer um sexo...
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Eu era menor, tinha uns sei lá, 13, quatorze anos. Tava ali no banquinho de pedra próximo ao cachorro do Valdemar. O melhor dog da cidade, no início da Getúlio com a Barão do Gravataí. Eu e o Roger conversávamos sobre alguma bobagem quando vejo encostar um carro bem a nossa frente. E não era um carro qualquer. Era um opalão. Não era comodoro, diplomata, era opala mesmo. Dos primeiros aqueles. E amarelo. Bem, bem clarinho, quase branco. Tinha as calotas metálicas estilo viatura americana da década de 70. E com faróis que deixavam um ar de tristeza no semblante do carango. Placa de Bagé e o viajante queria informações.
Dizem que gosto não se discute. Eu discordo, discuto sim. Eu por exemplo, odeio cebolas. Odeio de verdade. Nao gosto mesmo, nem moída, nem frita ou assada no churrasco. E nem me venham com bife acebolado. Não gosto. Mas beleza, não discuto. Entendo que gostem. Mas uma coisa que não entra na minha cachola é o gosto por travestis. E isso sim se discute. Sério, não dá pra entender. Porque se a bichona gosta de homem, fica com homem. Se o cara gosta de mulher, fica com mulher. Se é bi, fica ora com um, ora com outra. Quem sabe até com os dois ao mesmo tempo. Só que um cara de peruca e pinto não dá. Porque daí o cara gosta de mulher de pau. Quer a buceta do piçudo. E isso não existe. É uma pervertida invenção. É o mesmo que sentir tesão por um ET, ou sei lá, querer transar com cachorro. Não tem condição, não dá pra entender.
Cara, eu até já disse no blog. Não banco o xarope, não sou comedor. Não senhor. E nem me faço de humilde. Quem me conhece sabe. E quem me vê não tem motivos pra duvidar. Meu retrospecto é tão comum que há quem possa me acusar de não conhecer mulher. Mulher, mulher. Das de verdade. Das boas, as melhores. Capa de revista, novela, desfile de moda. MULHER. E eu não contestaria, teria de aceitar. De fato não conheço dessas mesmo. Acho que não. Mas se tem um que conhece é ele, o Ronaldo. E quem conhece, camarada, não se atrapalha. Não tem como se enganar. Até eu que não conheço não me engano. E ele deveria ser humilde. Craque que é, tinha que matar no peito e admitir. Feito o Gaudério do opalão de Bagé que chegou e perguntou, essa é a Getúlio Vargas? Respondi que sim e ele naturalmente questionou: -Tchê, que horas que começa a movimentação dos travestis? Sabe como é, pra conhecer... Lá na estância não tem disso, concluiu. Respondi que achava que mais tarde, era dia ainda. Ele olhou seu relógio, pensou e desapontado seguiu seu rumo. Acho que assim como em Bagé, Milão não tem travesti. Sabe como é, o Ronaldo só quis conhecer.
1999, era quinta-feira. Quinta e cedo, bem cedo. Saio das cobertas, com frio e ainda zonzo visto minha calça de abrigo cinza. Combino com o moleton da mesma cor, escovo os dentes, lavo o rosto e caminhando saio rumo ao colégio. Tempos bons, segundo ano. O mais divertido. Na porta da escola a irmã Silvia com o sininho recepciona os alunos. Todo dia era a mesma coisa. Despertador, uniforme, sininho da irmã Silvia e aula.
Na quarta feira anterior a cidade tava estranha, diferente. O clima era outro, e não por conta do El Niño. Era dia de jogo, dos grandes, dos decisivos. O revanchismo estava no ar, era esse o sentimento dos sei lá, arredondando generosamente por cima, dos 35% da cidade. Na aula alguns colegas planejavam cada detalhe daquela futura desforra. Comprariam sinalizadores no Bazar Bahia. Pintariam os rostos, e entusiasmados com suas bandeiras, de Kombi com o pai do Hernan, iriam pro jogo.
De volta. Quinta, fardado pra escola desci do prédio. Nem lembrava da histórica noite anterior. Na calçada da Getúlio vejo uma bandeira. Era simples, dessas de plástico mesmo. Mas me fez lembrar. Agarrei-a e pendurei na mochila. Deus, era certo. Eles iam pra final da Copa do Brasil, pra Libertadores. Pra Tóquio!!! Não foram. Juventude 1, 2, 3 e quatro. E num Beira Rio lotado. Que diversão. Poucas vezes a ida pra aula foi tão boa, poucas. Cheguei atrasado. Na porta, tava lá, como sempre a irmã Silvia com seu sininho. Entrei e subi direto, tava ansioso. Na aula vi eles. Num canto, isolados. Abatidos, como se formassem uma seita, organizados no grupinho fechado. Passaram semanas assim. Não se misturavam com os demais. Tiaguinho, Robinson, São Judas, Leco, Fernandinho e mais uma, a Luciane. A única triste, a única menina na tribo dos fracassados. A única que sentiu na pele, tinha ido ao jogo. A única. Os tempos eram outros.
Já agora, vejam só. No MSN, os nicks, os mais apaixonados são delas. "Vamo meu Inter", isso mesmo, na cara dura chamam de "meu" . Outras mandam o bordão "nada vai nos separar" e algumas ainda ousam cornetear o tricolor. Ora gurias, me digam. Aonde estavam na eliminação pro Londrina? Ceará, América Mineiro, Remo, Fortaleza, Juventude... Onde se escondiam dos frangos do Goycochea e dos gols contra do zagueiro Marcão? Das trapalhadas do Zachia e das dívidas do finado Amoretti?? Jogaram aonde as camisas antigas? Umbro, Rhummel, Adidas, Topper. Cadê???? Sério, colorada só a Luciane. Só conheci essa.
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