9 de maio de 2008

Paragonimus westermani

Figura nociva e insuportável aquela gente que deixa uma parte da cruz que carrega consigo em seu dia-a-dia – chave, moletom, comprovante do jogo da loteca, entre outros apetrechos – nas mesas dos restaurantes sélfisérvissi para guardar um lugar para logo se besuntar em um prato de pedreiro, cheio de gordura e o arroz-feijão-farofa bem misturado (alguma dignidade o elemento deve ter), enquanto vai se digladiar por alguns minutos na quilométrica fila. Nenhum respeito aos que ainda lembram de palavras como senso de coletividade e urbanidade. Os mais desavisados deixam até a carteira para avisar que aquela cadeira já tem uma bunda molenga como dona. No mundo-cão do futebol, temos vários exemplos iguais dessa corja.

Imagino a indignação dos jornalistas esportivos que, naquele emaranhado de fios de microfones, camisas puídas, crediários vencidos e corpos suados que se transforma um vestiário de futebol após mais um bate-coxa, ouvem enfastiados o be-a-bá mais do que conhecido dos boleiros ao irromper um profissional (?) atrasado (que estava entrevistando o responsável pelo teste antidoping ou o sexto reserva da agremiação que, contundido, não joga há seis meses) dando cotoveladas para tudo que é lado, furando a fila da ordem das perguntas e perguntando a MESMÍSSIMA COISA que outro repórter acabara de questionar. Não contente, desfere uma seqüência de oito perguntas sem dar tempo, nem espaço para seus companheiros proferirem uma sílaba sequer. Nós, público ouvinte ou telespectador, à merda o mandamos...

Sinistros também são os “empresários”, donos da bola mundial. O atravessamento chegou a um ponto que um primo de terceiro grau de um desses liga de Porto Alegre pro cara dizendo que o Grêmio está em tratativas com um jogador da segunda divisão da Mesopotâmia, faltando alguns detalhes para acertar a bombástica contratação.

Faltava. O pseudo-intermediário, sem movimentar uma palha e nem sequer tendo um DVD com os melhores lances do pinta, aciona um dirigente tricolor com o qual tenha contato e, voilà, eis o seu quinhão garantido na negociata.

Para encerrar, não encerrando, a série das sanguessugas do futebol, folheio os Classificados e não vejo nenhum anúncio de técnico desempregado à procura de clube para treinar. Pudera. Como abutres, farejam as mesas, ops, os times que estão desocupados, e vão cheio de graça oferecendo-se aos dirigentes camaradas e sem nenhuma noção de planejamento. Danem-se os colegas. Antes mesmo da batida da dança da cadeira ser ouvida pelos dials das rádios AM após a terceira derrota seguida de uma equipe em um torneio, lá está o arauto do aziago procurando em sua agenda o telefone daquele diretor de futebol que o demitiu há uns oito meses atrás...

Torço desesperadamente para que um gaiato afane o dinheiro e todos os pertences que o nefasto indivíduo fura-fila deixou sobre a mesa.

Pena que não há rogo aos céus nem epifania que castiguem seus semelhantes parasitas do esporte bretão.

PS. Não esqueci de de parte célebre dos aproveitadores que habitam o mundo do futebol. Em próximo post, prometo um PANEGÍRICO à raiva que convulsiona o torcedor devido aos centroavantes mandiocas, pontas-de-lança dorminhocos e outros que acreditam que estamos ainda no tempo do WM.

2 Comments:

At 7:03 PM, Blogger Mel said...

Muito bem escrito e com um humor inteligente!
Parab�ns!

 
At 7:26 PM, Anonymous Anônimo said...

texto inteligente.

 

Postar um comentário

<< Home